O Futuro dos Displays

Mostrador touch screen dupla face; monitor com imagens 3D; tela de plasma do tamanho da parede ou com apenas 0,05 milímetros de espessura; moldura de foto em diodo orgânico emissor de luz (OLED); display OLED com vida útil mais longa e com menor consumo de energia e até TV digital portátil que cabe no bolso. A lista não pára de crescer. São tantas as novidades internacionais divulgadas este ano que fica difícil acompanhar o mercado tecnológico mundial de produtos eletroeletrônicos. Para reunir investidores, pesquisadores, estudantes, governantes e até mesmo curiosos da América Latina, aconteceu no mês de novembro o LatinDisplay 2008. O evento apresentou diferentes tecnologias de fabricantes e centros de pesquisa que apontam a tendência mundial de displays com imagem em 3D para dispositivos móveis.

Durante o evento a LiquaVista mostrou uma inovação de baixo consumo de energia fazendo com que a bateria do celular dure mais. A tecnologia permite que, por meio de muitas gotas de óleo, os pixels mudem de cor. A HP trouxe o projeto de um display reflexivo, que não consome energia com a imagem parada e gasta muito pouco com a imagem em movimento, para vários usos, incluindo sinalização externa. O projeto é mundial e tem participação de cientistas brasileiros do CTI (Centro de Tecnologia da Informação). Já a Qualcomm desenvolveu para os celulares o display que fica sempre ligado sem gastar energia. O destaque da fabricante são displays muito brilhantes sob a luz solar.

Houve também um simpósio, onde aconteceram palestras ministradas por representantes internacionais dos setores de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e produtivo de displays. Segundo o organizador do programa do simpósio, Daniel den Engelsen que é um dos principais especialistas em tecnologias para displays do mundo, apesar de a América Latina hoje representar um papel insignificante na produção de mostradores de informação, a região tem um papel ativo nas aplicações desses produtos.

“O centro de gravidade da produção de displays está no Extremo Oriente, enquanto as novidades em mostradores 3D e flexíveis vêm em sua maioria da Europa e Estados Unidos. Porém, em aplicações, a América Latina tem um papel ativo. O destaque é a carteira estudantil equipada com computador e tablete que está sendo usada por alunos da rede pública de ensino do município de Serrana (SP), uma inovação brasileira que está ganhando força no Brasil e fora dele. A peça gerou muita atenção no LatinDisplay 2008, tanto na palestra que foi ministrada pelo físico Victor Pellegrini Mammana, que é inventor de um dos dispositivos usados nessa ferramenta educacional, quanto na exposição paralela ao simpósio, onde o produto foi exposto” afirma Engelsen.

O especialista acredita que a indústria de displays passa por uma fase em que é a cooperação entre engenheiros e pessoal de marketing que está funcionando como motor das inovações em produtos de displays. “Isso ocorre em displays 3D, mostradores flexíveis e touch screens. Essas telas tornaram-se uma febre por causa do iPhone, da Apple. Já as 3D são a nova moda nos Estados Unidos, onde muitos cinemas estão investindo nessa tecnologia”.

Para Engelsen, os novos displays reflexivos que praticamente não consomem energia dependerão muito de sua performance de imagem para ganhar mercado, pois terão que apresentar bom contraste, representação e iluminação. Já os displays flexíveis, avalia, atingirão apenas nichos de mercado. “A não ser que alguém encontre um meio para combinar uma forma agradável de utilização com um dispositivo móvel, como por exemplo, quem sabe, vestir o display?”.

Para o consumidor dessas novidades em displays, Engelsen lembra que o mais importante é uma boa performance de imagem: iluminação suficiente e conveniente; cores de alta fidelidade; alto contraste; eliminação dos reflexos de iluminação do ambiente; e ausência de “artefatos” ao se assistir filmes, por exemplo.“Esse é um problema presente nas telas de TV LCD que sofrem de manchas de movimento. As soluções que reduzem as manchas de movimento ainda não foram implementadas nos produtos atuais, um dado importante para quem está pensando em comprar um LCD agora”.

Logo depois da performance de imagem, o pesquisador cita que vem a facilidade de se colocar informação no display. “O iPhone é um bom exemplo de como uma tela touch screen facilita enormemente o uso e torna a vida dos consumidores mais fácil. Essa característica também é o ponto alto da carteira estudantil brasileira. Em vez de usar o clássico mouse, qualquer um pode facilmente desenhar e escrever on line na carteira, por meio do tablete ou touch screen, e ela ainda permite trabalho interativo entre duas ou mais pessoas”. O próximo passo na digitalização do mundo, segundo ele, é o protocolo de TV de Internet (IPTV). “Além de poder assistir à TV de qualquer parte do mundo, qualquer um poderá facilmente baixar informações da internet na tela de seu televisor. Isso vai tornar a vida de muita gente mais fácil. IPTV precisa ainda de estrutura adequada: cabos de fibra de vidro, nova compressão de vídeo etc. A China está seguindo nessa direção”.

Em relação à questão tecnológica dos displays, Engelsen conclui que os OLEDs serão mais importantes na próxima década. “Isso porque eles podem ser produzidos por custos menores que os LCDs, têm menor consumo de energia e excelente performance de imagem.A Sony lançou a primeira TV OLED de 11 polegadas em dezembro de 2007 e sua performance é arrasadora! Tanto a Samsung quanto a Sony estão planejando lançar novos modelos em 2009”, antecipa. Ele diz que a tecnologia CRT (sigla para tubos de raios catódicos) será obsoleta em cinco anos, enquanto os LCDs vão dominar o cenário na próxima década. Ele ressalta que os investimentos para fabricação de LCD estão incrivelmente altos e que os grandes players desse mercado são Samsung, LGE, Sharp, AUO e CMEL. “A competição entre elas é extremamente agressiva. Se uma fábrica não ocupa sua capacidade plena, está perdendo dinheiro por causa dos custos fixos e depreciação de equipamento especial caríssimo. Agora, com a crise econômica, estas compa- nhias devem reduzir seus investimentos em fábricas de geração 10”.

Carteiras digitais

O governo federal, por meio da Secretaria da Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social (SECIS), que pertence ao Ministério da Ciência e Tecnologia, anunciou durante o Latin-Display 2008, que as salas de aula do futuro, informatizadas, são prioridade para o próximo ano. O Projeto Alvorecer, caracterizado pelas carteiras digitais - com computadores acoplados - e ferramentas pedagógicas (softwares e materiais), vai ser levado para outras escolas da rede pública do Brasil. “O projeto é prioridade para a secretaria em 2009 e objeto do convênio que vai ser assinado entre a Abinfo (Associação Brasileira de Informática) e a SECIS no começo do próximo ano. Este é o projeto estratégico da secretaria para a democratização do ensino no país”, disse Joe Valle, secretário de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia. O projeto já é aplicado em Serrana, interior paulista. “Serrana é o grande laboratório para o país.Vamos aproveitar a expertise, a experiência que deu certo. E o nosso modelo para replicar no Brasil”, comenta. De acordo com Valle, o governo liberou em 2008 cerca de R$ 1,5 milhão para pesquisas com a carteira digital e a implantação do sistema em Serrana. Serrana tem atualmente 160 carteiras digitais (Lap Tup-niquim). Segundo o diretor do projeto na Prefeitura de Serrana (SP), Miguel João Neto, a partir de agora o foco será estender o conteúdo e as novas ferramentas pedagógicas que integram o Projeto Alvorecer. “A tecnologia do CTI está pronta para ser levada para as escolas. Agora, vamos iniciar o processo para complementar a solução tecnológica, por meio de convênios para a ampliação do conteúdo”. Um dos softwares, por exemplo, tem recursos semelhantes ao usado pela NASA (EUA).

*Originalmente publicado na revista Saber Eletrônica - N°431 - Dez/08

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